Ministério Público denuncia 17 policiais por tortura contra Rai Duarte e outros 11 torcedores do Brasil de Pelotas
O Ministério Público apresentou denúncia contra 17 policiais por agressões que resultaram em tortura contra Rai Duarte e outros 11 torcedores do Brasil de Pelotas. Os incidentes ocorreram em maio de 2022, na cidade de Porto Alegre.
O Tribunal de Justiça Militar (TJM) do Rio Grande do Sul deu início, nesta quarta-feira (10), às primeiras audiências do caso, que ficou conhecido como Caso Rai, em referência a um dos torcedores agredidos. Rai Duarte, após ter sido agredido por policiais militares, precisou de mais de 100 dias de internação devido às lesões sofridas. Além dele, outros 11 torcedores teriam sido vítimas de tortura por parte de 17 policiais militares, após um jogo do Brasil de Pelotas contra o São José, no estádio Passo D’Areia, na capital.
O processo, de acordo com o TJM, está na fase de identificação dos PMs envolvidos no caso, sendo que o Ministério Público afirma que cinco das vítimas das agressões serão ouvidas.
“O Ministério Público está tratando este caso com extrema seriedade e comprometimento, não apenas devido à gravidade dos crimes cometidos e em respeito à dor das vítimas, mas também pela circunstância de terem sido perpetrados por agentes responsáveis pela segurança pública da sociedade”, afirmou a promotora Janine Borges Soares.
Os 17 policiais militares enfrentam acusações de tortura qualificada contra Rai e tortura contra os outros 11 torcedores. Além disso, um dos policiais foi denunciado por falsificação de documento, enquanto outro enfrenta acusações de injúria e ameaça, além de outros crimes.
Novas audiências estão agendadas para os dias 18 e 25 de abril, bem como para o dia 6 de maio. Os policiais serão ouvidos somente após o término da instrução, cuja data ainda não foi definida.
Relembrando o caso, os incidentes ocorreram em 1º de maio de 2022, após uma partida entre o Brasil de Pelotas e o São José, válida pela Série C do Campeonato Brasileiro, no Estádio Passo D’Areia, em Porto Alegre. Após uma briga, os policiais do 11º BPM intervieram, e durante o tumulto, 11 torcedores foram encurralados pelos policiais, de acordo com a denúncia.
Rai Duarte, que não estava envolvido na briga, estava em um ônibus se preparando para retornar a Pelotas quando foi retirado e preso por três policiais por motivos não esclarecidos, conforme os promotores. Ele foi então levado, junto com os outros torcedores, e agredido em um banheiro.
O MP alega que Rai sofreu lesões graves, incluindo hemorragia abdominal, ruptura de artéria cólica média, hematoma em mesocólon transverso, isquemia de cólon transverso e choque hemorrágico. As agressões, segundo a denúncia, duraram mais de 40 minutos, com os torcedores sempre algemados e sem oferecer resistência ou risco aos policiais.
Os promotores afirmam que os policiais envolvidos declararam estar acostumados a agredir torcedores do Brasil sempre que estes estavam em Porto Alegre. Além disso, teriam ameaçado plantar drogas nos torcedores para incriminá-los e ameaçaram retaliar caso as agressões fossem denunciadas.
Rai foi levado a um hospital, inicialmente caminhando, mas posteriormente transportado em uma cadeira de rodas, já inconsciente, devido a uma hemorragia interna.