Militares da reserva que afirmam ser vítimas de um alegado golpe estão enfrentando uma situação delicada: após terem sido inicialmente beneficiados com isenção fiscal, agora estão sendo cobrados pela Receita Federal para restituir os valores à União.
Alega-se que laudos médicos falsos, indicando doenças inexistentes, foram utilizados por um escritório de contabilidade para assegurar a isenção e a restituição do pagamento do Imposto de Renda para aposentados no Rio Grande do Sul. Militares da reserva que se declaram vítimas desse suposto golpe e que inicialmente se beneficiaram estão agora enfrentando cobranças da Receita Federal para devolver os valores à União.
Alguns exemplos chocantes surgem desses laudos falsificados. Por exemplo, um militar com histórico de doenças cardíacas e intestinais foi diagnosticado falsamente com câncer de mama. Outro aposentado, sofrendo de diabetes e hipertensão, teve seu laudo adulterado para incluir um diagnóstico de câncer.
Esses militares buscaram os serviços desse escritório de contabilidade após recomendações de amigos. Quando confrontados pela Receita Federal, eles se voltavam ao técnico em contabilidade, Carlos Roberto da Rosa Júnior, que prometia, por meio de vídeos, reverter a situação.
A Polícia Civil registrou quatro ocorrências relacionadas a esse suposto golpe, encaminhadas à Polícia Federal, que ainda não iniciou uma investigação formal sobre o caso.
Carlos Roberto da Rosa Júnior, através de seus advogados, afirma que só se manifestará após ter acesso completo aos detalhes da investigação, negando qualquer conhecimento prévio das acusações. O Conselho Regional de Contabilidade está monitorando a situação e, se forem confirmadas as irregularidades, o investigado pode enfrentar penalidades graves, incluindo a cassação de sua licença profissional.
Em um caso específico, um militar aposentado em Capão da Canoa recebeu uma restituição de quase R$ 80 mil, apenas para ser posteriormente notificado pela Receita Federal sobre a falsidade dos documentos apresentados. Outro aposentado em Passo Fundo, buscando restituir R$ 93 mil em Imposto de Renda, também foi confrontado com um laudo médico falso, forçando-o a devolver parte do dinheiro recebido.
Uma investigação interna conduzida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul revelou que 180 documentos emitidos por um órgão ligado à instituição foram fraudulentos. Essas falsificações foram descritas como grosseiras, com médicos negando terem assinado os laudos em questão.
A Receita Federal esclarece que existem 16 doenças que garantem isenção do Imposto de Renda para aposentados e sugere que os interessados busquem diretamente a perícia médica oficial, evitando intermediários. A confirmação de laudos médicos é crucial para evitar problemas futuros com o fisco.